A propagação da COVID-19 tem imposto ao mundo desafios sem precedentes nas áreas de saúde, educação, trabalho e renda. Organismos internacionais do Sistema das Nações Unidas como OMS, UNESCO e OIT alertam sobre consequências severas para os grupos mais vulneráveis, dentre estes os jovens. Tais consequências perpassam condições de saúde física e mental, riscos relacionados à evasão escolar, perda de trabalho e renda. Diante dos efeitos da pandemia, com destaque para a população jovem no Brasil, que soma 47,2 milhões (23% da população brasileira), torna-se fundamental instituir um processo pensado e articulado com as juventudes, que seja capaz de capturar a percepção de jovens de diferentes regiões, sobre a pandemia e seus efeitos. Com o objetivo de apoiar a construção de políticas baseadas em evidências e sustentadas por um amplo processo de diálogo e articulação social, o Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), em parceria com Fundação Roberto Marinho, Rede Conhecimento Social, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Em Movimento, Visão Mundial, Mapa Educação e Porvir, lança a pesquisa Juventudes e a Pandemia do Coronavírus, um estudo que não é apenas sobre jovens, mas construído com eles. Objetivos: 1)Produzir evidências para pautar e influenciar o debate público e a ação de tomadores de decisão, públicos e privados na construção de políticas e programas voltados para as juventudes. 2) Levantar as percepções sobre a pandemia de jovens de diferentes regiões, suas vivências e realidades sociais, seu contexto, assim como os efeitos em suas vidas e na sociedade. 3)Instituir um processo pensado e articulado com as juventudes e criar mecanismos para ampliar a voz dos jovens e seus anseios. Perguntas norteadoreas: 1)Quais são os efeitos da pandemia do novo coronavírus para os jovens brasileiros? 2)Como a pandemia afetou seus hábitos, sua relação com a educação e com o trabalho, sua situação econômica e sua condição de saúde? 3)De que forma a crise provocada pela COVID-19 influencia suas perspectivas para o futuro? Metodologia: Grupo de Jovens e a PerguntAção: a pesquisa Juventudes e a Pandemia do Coronavírus utilizou a metodologia PerguntAção, desenvolvida pela Rede Conhecimento Social. O método envolve o público pesquisado em todas as etapas do processo: a reflexão a respeito do tema, a concepção do questionário, a mobilização para a coleta de respostas e a análise dos resultados. A proposta da metodologia é a de fortalecer a articulação de grupos para a investigação de temas de interesse, promovendo ações que transformem seu contexto, por meio de uma produção coletiva de conhecimento. Destaques de resultados: O questionário reuniu 48 perguntas distribuídas em sete blocos temáticos: Informação; Hábitos; Educação e aprendizagem; Economia, emprego e renda; Saúde e bem-estar; Contexto e expectativas; Perfil socioeconômico. 1) Economia, Emprego e Renda:6 a cada 10 jovens tiveram alteração em sua carga de trabalho desde o início da pandemia: seja por aumento, redução ou parada temporária das atividades, ou ainda por demissão e fechamento do local. A renda familiar foi mais afetada do que a renda pessoal de jovens: enquanto 4 a cada 10 indicam ter diminuído ou perdido sua renda, 5 a cada 10 mencionam essa redução na renda de suas famílias. 2) 2) Educação e aprendizagem: Os principais desafios dos jovens para estudar em casa não estão na falta de tempo ou no aparato tecnológico disponível, mas sim no equilíbrio emocional, na dificuldade de organização para o estudo à distância e a falta de um ambiente tranquilo em casa. Para ajudar nessa nova rotina de estudos, 6 a cada 10 jovens consideram que escolas e faculdades devem priorizar atividades para lidar com as emoções; e 5 a cada 10 pedem estratégias para gestão de tempo e organização. 4) Contexto e expectativas: Ações de ciência e saúde são aquelas que deixariam jovens mais otimistas em relação ao futuro no Brasil: quase a totalidade valoriza a descoberta da vacina e 9 a cada 10 demandam o acesso a testes.
O retorno à escola ou à faculdade e o reencontro com amigos e familiares são relevantes para 9 a cada 10 jovens. 5) Hábito, Saúde e Bem-Estar: De modo geral, jovens sentem que as condições física e emocional foram prejudicadas desde o início do isolamento social. A exceção é a higiene pessoal, que 6 a cada 10 avaliam ter melhorado. A ansiedade, o tédio e a impaciência foram apontados como os sentimentos mais presentes durante o isolamento social, acolhimento aparece como o sentimento mais positivo, sentimento que pode estar relacionado tanto ao convívio familiar quanto às interações remotas.
CONJUVE (com correalização de: Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Mapa Educação, Porvir, Rede Conhecimento Social, Visão Mundial e UNESCO)