“Este livro nasceu da necessidade e do compromisso da UFMG em articular, de uma perspectiva transdisciplinar coerente, os saberes populares e os conhecimentos produzidos em contextos acadêmicos tendo como princípio fundamental contribuir na criação das bases para o fortalecimento e a autonomia dos projetos e iniciativas comunitárias. Nesse sentido, o principal desafio foi o de estabelecer interfaces entre concepções e práticas que habitualmente encontram-se cindidas, pois acreditamos que não deve haver barreiras intransponíveis entre as inovações tecnológicas adotadas na circulação mundial de fluxos informacionais de bens e serviços e as práticas comunitárias de apropriação social da informação e do conhecimento. Assim, apresentamos como alternativa possível o fortalecimento e a autonomia das lideranças comunitárias através do uso consciente da informação e dos dispositivos tecnológicos contemporâneos.
Em um tempo em que somos rastreados e monitorados pelos infinitos vestígios que deixamos no contexto informacional em rede, torna-se imprescindível incorporarmos criticamente esses
novos mecanismos em prol de nossa sobrevivência como sujeitos sociais coletivos. O fenômeno da digitalização da informação associado às telecomunicações e aos processos de globalização da economia tornaram possíveis a mobilidade e a circulação irrestrita de ideias e bens em escala planetária e incidiram, de maneira expressiva, sobre os processos de formação humana na atualidade. Contudo, embora haja certo consenso em torno dos impactos ou mesmo dos benefícios trazidos, no que concerne à acessibilidade, ainda é enorme o fosso existente entre a comunidade virtual e os excluídos tecno-informacionais. Compreende-se, assim, que a inclusão digital representa, para o protagonismo dos sujeitos sociais no contexto da sociedade da informação, um operador importante, mas não suficiente. Em virtude disso, busca-se na formação humana, desenvolvida a partir da conexão de saberes acadêmicos e populares, criar os elementos necessários à participação comunitária na Sociedade da Informação e do Conhecimento e nos desdobramentos dela decorrentes de uma perspectiva mais equitativa e menos contingente.
O livro está organizado em três seções. Na primeira seção, “Informação para o exercício da cidadania”, são apresentados textos que tomam a informação como um fenômeno social imprescindível à conscientização e à defesa dos direitos humanos. Na seção “Cultura informacional e digital” apresentam-se os aspectos teóricos e práticos da interface cultura informacional X dispositivos tecnológicos contemporâneos, e problematizam-se os desafios de torná-los viáveis no cotidiano das práticas comunitárias. Na última seção, “Avaliação, elaboração e gestão de projetos” apresentam-se os princípios que orientam os projetos sociais, culturais e educativos do ponto de vista da gestão participativa das organizações comunitárias.”
Do Direito à Cidadania, à Participação Social e Política e à Representação Juvenil, Do Direito à Cultura, Do Direito à Comunicação e à Liberdade de Expressão