Uma década se passou desde a institucionalização da Política Nacional de Juventude (PNJ). A mobilização da juventude permitiu ao Estado brasileiro reconhecer sua diversidade e compreender a necessidade de atuar em torno de seu potencial e particularidades. Em dez capítulos, pesquisadores do Ipea debatem temas que dialogam com diferentes aspectos dos dilemas e das expectativas dos jovens brasileiros, e oferecem subsídios para a formulação e o redesenho de políticas públicas de juventude que criem condições para se pensar questões como emancipação e autonomia. O livro se divide em cinco partes. A primeira parte recoloca a discussão da participação social e da organização dos jovens rurais em dois capítulos. O primeiro traz uma análise sobre o Conjuve e sua capacidade de se inserir no ciclo de elaboração de políticas públicas. O segundo capítulo focaliza a juventude rural em pesquisa sobre “os significados da permanência no campo” junto a segmentos organizados – no caso, moças e rapazes que integram a Comissão Nacional de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais (CNJTTR/Contag). A parte 2 é composta pelos capítulos 3 e 4, nos quais os autores colocam em pauta temas muito caros à juventude contemporânea, como a transição para a vida adulta e o uso do tempo dos jovens urbanos. O capítulo 3, Sair ou não sair de casa: examinando a questão à luz dos dados censitários, tem como foco a saída dos jovens da casa dos pais (ou familiares), tanto no âmbito rural como no urbano, indagando sobre os significados que podem ser atribuídos às distintas trajetórias dos segmentos juvenis situados na faixa etária de 18 a 24 anos. O quarto capítulo analisa os “tempos sociais” despendidos pelos jovens de 15 a 29 anos, de ambos os sexos, nas áreas urbanas do Brasil, em atividades típicas do cotidiano, tais como frequentar a escola (ou a universidade), trabalhar, deslocar-se (entre a casa, o trabalho e a casa) e realizar atividades de cuidados com o domicílio (e a família). A parte 3 analisa os dois mais importantes desafios para a juventude do país, que são a ampliação do acesso ao ensino superior com equidade, e a inserção, com qualidade, do jovem no mercado de trabalho. Com esse objetivo, o capítulo 5 tematiza as desigualdades de acesso dos jovens brasileiros à educação superior, mediante estudo de indicadores de oferta e demanda potencial por este nível de ensino segundo recortes territoriais, de renda e cor/etnia, entre 2000 e 2010. No capítulo 6, intitulado Trabalho informal entre os jovens brasileiros: considerações sobre a evolução no período de 2001 a 2013, os autores examinam a situação da informalidade dos jovens no mercado de trabalho por grupos etários, nível de escolaridade, gênero e raça. A parte 4 do livro tem como eixo central duas temáticas pouco analisadas nos estudos de juventude: as práticas culturais e o uso das TICs entre os jovens brasileiros. O capítulo 7 trata do uso dessas tecnologias por eles e tem como referência o cenário de emergência das mídias digitais e a discussão acerca da existência ou não de uma ruptura entre as gerações pré e pós-internet. No oitavo capítulo, Os jovens brasileiros e as suas práticas culturais: entre universalismo e singularidades, o autor nos brinda com instigante análise sobre as disposições dos jovens em realizar práticas culturais relacionadas às artes e à estética, assim como outras mais voltadas para a sociabilidade, como atividades de lazer e frequência a cultos religiosos. Na sequência, concluem a obra duas discussões atuais, as quais conformam sua parte 5: a desigualdade social que afeta, sobretudo, os jovens negros; e a situação do adolescente infrator no Brasil. Assim, no capítulo 9, os autores analisam as condições da moradia e renda per capita familiar dos jovens e demonstram que, entre 1992 e 2012, verificou-se redução das desigualdades entre jovens negros e brancos. Por fim, no capítulo 10, as autoras discutem a situação socioeconômica, a violência e o sistema de justiça juvenil.