O que as juventudes sentem?
Não basta contar os jovens, é necessário fazer que jovens contem mais. É necessário que as juventudes nos contem o que pensam e o que querem: ouvir é preciso. Exploramos aqui as mensagens das juventudes brasileiras através de diversas pesquisas sobre aspirações e valores em escala global. Buscamos avaliar o nível e a evolução das visões das juventudes brasileiras e diferencia-las daquelas vigentes em outras partes do mundo. Incluímos percepções sobre elementos diversos como educação, trabalho, economia, política, felicidade entre outras. Ao fim pedimos aos jovens para avaliar as suas respectivas prioridades que são comparadas a dos demais adultos para definir uma agenda jovem.
Felicidade
A autoavaliação geral da felicidade dos jovens brasileiros captada pela média de satisfação com a vida no presente numa escala de 0 a 10 era 7,2 em 2013-14 e sofre uma queda para 6,7 em 2017-18. Este movimento de queda tem continuidade durante a pandemia passando de 6,7 em 2019 para 6,4 em 2020. Uma queda de 0,8 pontos como a ocorrida no Brasil, figurava como a 3a mais alta em 132 países. O nível 6,4 é o mais baixo da série brasileira de satisfação com a vida.
Emoções
Além da avaliação geral da vida, vale abordar estatísticas em frequência mais alta como emoções do dia a dia da juventude.
Alegria
Em 2015-2018, 86,6% dos jovens brasileiros afirmaram ter sorrido ou rido muito na véspera, contra 78,6% no mundo. Entretanto, a pandemia derruba em 10 pontos de porcentagem esta medida para 76%.
Preocupação
Os jovens brasileiros preocupados chegaram a 44,0% em 2015-2018, contra 35,5% no mundo. Em 2019 mesmo antes da pandemia a proporção de jovens preocupados sobe para 50% e depois para 59% em 2020, chegando a novos recordes, uma hiper preocupação juvenil.
Raiva
O percentual de jovens brasileiros que diz ter sentido raiva na véspera foi menor no Brasil (19,9%) do que no mundo (21,6%) em 2015-2018. A semelhança de outros indicadores de emoções negativas cotidianas a raiva sobe antes e durante a pandemia atingindo 23% em 2019 e 32% em 2020.
Não é simples compreender os sentimentos reportados pela juventude brasileira. Indicadores positivos (felicidade e alegria) e negativos (preocupação e raiva) pioraram sobremaneira na grande recessão e em 2020 na pandemia. Indicadores negativos pioraram também em 2019, esta é a diferença a ser ressaltada.
Miséria
Quando indagados se houve vezes, nos 12 meses anteriores, em que não houve dinheiro suficiente para comprar a comida necessária os 28% dos jovens brasileiros em 2020 relatam ter passado por esse problema a mesma taxa era 16,8% em 2011-2014 e 25,6% em 2015-2018.
Felicidade futura
A satisfação com a vida no presente é relativamente estável em todas as faixas etárias mundo afora. Já a expectativa de contentamento no futuro cai com o avanço da idade, passando de 7,4 pontos, aos 15 anos, para 5,5 depois dos 80 anos. O jovem em geral acredita que o melhor ainda está por vir. Uma regularidade empírica é a existência de forte otimismo dos jovens, dos brasileiros em geral e dos jovens brasileiros em particular em relação ao seu próprio futuro, o que é possível depreender da elevada expectativa de satisfação individual dos entrevistados com a vida dali a cinco anos. O corolário da alta expectativa juvenil é uma elevada probabilidade de frustração.
O jovem brasileiro confia em média menos nas instituições do país do que o jovem global o que é fundamental para obtenção de um processo de desenvolvimento inclusivo sustentável. Vamos focar no estado de variáveis que ocupam lugar de destaque na agenda dos jovens como educação e meio ambiente.
Educação
Menos da metade (41%) dos jovens entre 15 e 29 anos estão satisfeitos com o sistema educacional ou com as escolas na cidade que mora. A satisfaçao com o sistema educacional que havia aumentado de 47% em 2013/14 para 56% em 2017/18, o númetro 97 no ranking que conta com 139 países. A satisfaçao com a educacao da populacao em geral sofre queda espetacular durante a pandemia de 56% em 2019 para 41% em 2020, o menor nivel da série. Esta queda foi 375% maior no Brasil que num grupo de 40 paises entrtevistados durante a pandemia que funcionam como um grupo de controle.
Meio ambiente
Um tema que costuma preocupar mais os jovens do que as gerações mais velhas em todo o mundo é o meio ambiente, que incluem desafios genuinamente globais, mas também problemas e soluções locais. Nesse tema, os jovens do mundo estão cada vez mais satisfeitos com os esforços empreendidos por seus próprios países, mas os brasileiros, não. Se a satisfação tornou-se majoritária (55,9%) entre os jovens do mundo em 2015-2018, enquanto no Brasil era de 33,1%, caindo para 27% em 2019 e depois 19% em 2020. A satisfaçao com a preservaçao ambiental da populacao brasileira em geral sofre queda de 6 pontos de porcentagem durante a pandemia enquanto a mesma aumenta 0,97% num grupo de 40 paises entrtevistados durante a pandemia.
Centro de Políticas Sociais da FGV
O trabalho desenvolvido com o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas para o Atlas das Juventudes, contou com a coordenação do professor Marcelo Neri, que foi responsável pelo processamento, atualização e sistematização das principais bases de microdados do país e em algumas análises do mundo. Construímos panoramas, simuladores, mapas e diversas projeções populacionais, com dados de cidades, estados e regiões do Brasil.
Não há melhor preditor do futuro do país que o universo das juventudes de hoje. É necessário ouvir o que as juventudes sentem e o que elas querem. Exploramos aqui as mensagens de jovens brasileiros através de pesquisas sobre aspirações, avaliações e valores em escala global. O caráter internacional do levantamento permite diferenciar a visão do jovem brasileiro daquela vigente em outras partes do mundo, e captar novas direções seguidas.
Aqui você irá mais informações sobre como a população jovem do Brasil se sente diante de diversos temas: